É muito comum enquanto assistimos a um espetáculo teatral ou um numero circense nos pegarmos de boca aberta, unhas cravadas nas poltronas e com o coração batendo a mil enquanto os artistas em palco realizam movimentos inesperados, saltos potencialmente mortais ou gestos acrobáticos que desafiam as leis da física. Isto acontece porque a ação que está acontecendo no palco faz com que venhamos a nos sentir fora do lugar comum, enxergamos os artistas realizando feitos incomuns enquanto em cena e nos imaginamos em seus lugares, logo temos a impressão de sentir as mesmas sensações que eles, como vertigem, medo, adrenalina, etc. Um dos principais motivos é o fato de o artista em cena conseguir realizar coisas que as pessoas normalmente não conseguem fazer. O artista de circo anda na corda bamba, salta de um trapézio ao outro, lança facas na direção de outra pessoa e é lançado de canhões como verdadeiros homens bala. O ator enquanto representa faz movimentos inesperados com seu corpo e vive situações extremas em cena: morre, nasce, se apaixona, vive outras vidas e faz coisas que normalmente seriam impossíveis. O mesmo acontece com outras modalidades de arte como a dança, por exemplo, os bailarinos saltam dão piruetas, rolam no chão e carregam uns aos outros desafiando as leis da gravidade. Tudo isso, embora muitas vezes venha cercado de uma atmosfera mística, é na verdade resultado de muito treino, dedicação e estudo, através de métodos seguros e muitas vezes científicos.
Os atores, enquanto em treinamento, dedicam horas de treinos extenuantes, se movimentando de formas diferentes, estudando a fundo a relação do seu corpo com o meio ao seu redor, com as pessoas que o cercam e também a relação que tem com seu próprio corpo. O mesmo acontece com os bailarinos que investem horas de estudo dos seus movimentos para reproduzi-los com perfeição dentro de um corpo de baile, ou mesmo enquanto solo, executá-los com vigor interpretativo. Inevitavelmente o publico sensível aquela arte vem a sentir-se impressionado, comovido ou até mesmo incomodado como trabalho apresentado pelo artista em cena. Talvez seja este um dos motivos que desde o período da Grécia antiga motiva as pessoas a encher os teatros até os dias de hoje, para apreciar o empenho destes artistas, sair do lugar comum e nos encontrarmos de olhos arregalados e unhas cravadas nas poltronas.
Por: Ederson Porto