terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Teatro... Mais que uma arte, uma ferramenta para o ser humano.



Está enganado aquele que acha que aulas de teatro só servem para quem pretende ou sonha em ser um ator! Muito pelo contrario. Arrisco-me a dizer que é muito pequena a porcentagem de pessoas que estudam ou estudaram teatro e seguiram ou pretendem seguir carreira como atores. Bem, mas então para que serve um curso de teatro? A resposta é obvia embora não seja muito simples: para aprender a interpretar! Quando digo “interpretar” não me refiro diretamente a imitar ser alguém que não se é, mas sim a entender a arte da interpretação como um todo. Começamos primeiro por entender o que acontece durante as aulas de teatro e depois pensar em como aproveitar os benefícios que estes novos ensinamentos podem nos trazer como seres sociais. Só depois disto então (o que normalmente leva bastante tempo) poderemos pensar em como utilizar estes novos conhecimentos de forma artística nos palcos ou nas telinhas. Para começar devemos nos lembrar que a principal ferramenta de comunicação do ator é o seu próprio corpo. É através dele que nós nos comunicamos com o mundo exterior, não me refiro somente à voz (que é emitida por músculos nas cordas vocais e por tanto também pode ser treinada), mas principalmente pelo corpo como um todo. Isto mesmo, um corpo pode falar mais que mil palavras. As nossas expressões corporais são resultados de uma série de fatores psicomotores, que quando estimulados, expressão através da linguagem corporal os nossos sentimentos e emoções. Por exemplo: já percebeu que quando estamos exaustos e nos sentamos, quase que inconscientemente tomamos uma postura curvada, ficamos ofegantes e nossa musculatura toma uma expressão de cansaço. Ou quando acabamos de acordar e nosso corpo tem um aspecto de moleza ou flacidez a ponto de alguém nos olhar e dizer “tire a cama das costas”, porque está nítido em nosso corpo e no nosso rosto o que de fato está acontecendo: nós acabamos de acordar. O ator é aquele capaz de organizar e controlar a relação corpo-mente, a fim de transmitir idéias, sentimentos e emoções. No entanto essas faculdades se encontram inicialmente em um nível psíquico e precisam ser transmitidas ou expressadas, e é ai que o nosso corpo entra em questão. É ele o responsável por transmitir todas as emoções e idéias que se encontram em nossa mente. Para o ator, o corpo é o seu principal instrumento de comunicação com publico. Em resumo, as intenções e emoções são criadas em nossa mente, e expressadas no nosso corpo. Quando praticamos as aulas de teatro desenvolvemos a consciência corporal (consciência do seu próprio corpo e dos seus movimentos). É através dela que aprenderemos a controlar uma habilidade psicomotora chamada de tonicidade muscular, e é esta habilidade que define a tensão dos músculos responsáveis pelas posturas e expressões do nosso corpo. Nas aulas de teatro aprenderemos a assumir posturas, não só as posturas corporais, mas as posturas que devemos tomar em diversos momentos da nossa vida como: espírito de liderança, consciência de trabalho em equipe, autoconfiança entre outras qualidades que são uma ferramenta poderosa para o ser humano bem colocado na sociedade. Além disso, o teatro desenvolve uma série de qualidades, tais como velocidade de raciocínio, capacidade de memorização e o desenvolvimento do intelecto artístico, histórico e cultural do seu estudante. Sendo assim, o teatro é muito mais do que uma arte, ele é uma verdadeira ferramenta para a formação de um ser humano melhor.
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Postado por Ederson Porto

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Arte Marcial e Teatro ambos uma forma de interpretação e expressão

Segundo Yoshi Oida (ator e escritor japonês) em seu livro ‘’O Ator Invisível“, a arte da interpretação caminha lado a lado com as artes marciais. Para ele, tanto ator como artista marcial têm de seguir com os treinamentos físicos de forma disciplinada e aplicada e ambos têm de estudar diferentes formas de artes como canto, dança, artesanato e, principalmente, as diferentes situações em que se encontrariam: a tensão de um combate ou de atuar. Estas comparações podem ser explicadas de maneira bem simples. Segundo os grandes mestres de Kung Fu, não existe artista marcial que não seja inteligente. Ele pode ser mal treinado ou não estar maduro o suficiente, e não saber como pensar em determinadas situações; mas um experiente e bem treinado “Artista Marcial” de fato saberá como agir e pensar independente da situação em que se encontre. Com o ator não é muito diferente: ele deve ser capaz de agir e pensar de maneira rápida e sagaz enquanto estiver nos palcos ou aguardando nas coxias; deve ser capaz de perceber, mudar de planos e tomar a atitude mais coerente nos palcos quando alguma coisa não sair como havia sido planejado durante os ensaios. Os antigos samurais (guerreiros imperiais do Japão antigo) priorizavam a “limpeza”. Não só a limpeza física (do espaço ou do corpo), mas principalmente a limpeza da mente e do movimento, a concentração total e a perfeição alcançada nos mínimos detalhes. Isto só se alcançava com muito treinamento e principalmente com a prática incansável da repetição. O treinamento físico do ator não é muito diferente: é necessário muita dedicação e determinação para atingir os níveis de perfeição e precisão de movimento que o ator precisa a fim de expressar-se com verdade durante a atuação. Tanto a arte marcial quanto a arte da interpretação são baseadas principalmente na busca do auto-conhecimento e do desenvolvimento interior, uma vez que é necessário gerar mudanças internas e externas para ambas as artes. Nas camadas mais profundas da conscientização corporal, temos uma série de fatores psicomotores que interferem diretamente no controle das nossas expressões. Quando bem treinados e com um nível de alta concentração, o ator se torna capaz de falar sem emitir palavras, mover-se sem movimentos, calar-se sem silêncio. O ator, assim como o artista marcial, trabalha a vida toda em busca do aperfeiçoamento técnico e da fluidez psicofísica. Isto requer uma grande habilidade e prontidão, mantendo assim sua interpretação sempre viva. Flexibilidade do corpo e da mente, força física e espiritual, capacidade de ler o outro apenas pelo corpo assim como a de se comunicar com apenas um simples olhar, são características e qualidades que ambos, ator e artista marcial possuem quando atingem o auge do seu treinamento. Entendemos, assim, que duas artes distintas podem ter suas semelhanças. Embora haja diferentes formações e gêneros de atores e artistas marciais, aqueles que estudam a arte como um todo, chegam mais perto de encontrar um ponto de interseção entre elas, e percebem que, acima de tudo, todas as artes (plásticas, dança, música, etc) estão ligadas, unidas, e complementam-se umas às outras.
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Postado por Ederson Porto
foto: Cia Vida

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O Homem na Dança

 Está matéria vem para falar sobre a importância da figura masculina na dança e logo de inicio ressaltar o grande preconceito que o universo da dança sofre do próprio publico masculino quanto a sua prática, devido ao triste estereótipo de que todo bailarino ou dançarino é ou tem tendências homossexuais. Como professor de educação física, professor de artes marciais e estudante de Ballet Clássico, já escutei comentários do tipo “Bailarino! Isso não é coisa de homem!”, ou coisas como “Eu, no máximo, sou dançarino! Porque vou para a boate dançar”. E outros tantos comentários, que além de absurdos são completamente preconceituosos. Vamos começar por definir os termos: o que é um dançarino e o que é um bailarino. Grosso modo, não existe muita diferença entre um ou outro, se procurarmos no dicionário, que diz ser bailarino o homem que dança por profissão e dançarino, aquele que dança por ofício; ou seja, a mesma coisa. Porém, segundo alguns autores de trabalhos acadêmicos, a definição de dançarino, é qualquer pessoa que dance, e bailarino é aquele que, além de dançar, possui qualidades e aptidões que o distingue dos demais na forma de um artista, sendo capaz de dançar obras coreogáficas. Mesmo que se determine uma diferença significativa entre quem dança ballet (obra coreográfica) e quem dança livremente, isso não mudaria a importância que o homem tem dentro de todos os estilos de dança e, tampouco, afeta ou influencia a masculinidade do seu praticante. Na história da dança, a figura masculina foi protagonista por um longo período da antiguidade, onde os homens interpretavam papéis importantes em danças cerimoniosas, guerreiras, religiosas e profanas. Porém, na idade média, foi instituída uma rigorosa divisão de classes sociais, que resultou na divisão da dança em quatro principais categorias: as campestres, de artesãos, burguesas (ou eróticas), e as da corte (nobreza); e foi esta última que fez nascer o ballet. Daí por diante, as classes nobres da Europa passaram a apreciar o ballet em casamentos e comemorações que fossem realizadas pela corte, até que o Rei Luís XIV (Rei Sol) mandou que construíssem a primeira Academia Real de Dança da Europa. Por volta do século XIX, com a magnífica habilidade de dançar sobre as pontas, as bailarinas, mulheres, tomaram por absoluto o cenário da dança. O homem, então, torna-se coadjuvante, servindo praticamente apenas como pouters (suporte) para as mulheres. Nos dias de hoje, os homens voltam a tomar força nos palcos dos principais teatros e das grandes companhias de ballet, assumindo grandes papéis em peças e espetáculos, o que, porém, ainda não é o suficiente para a reversão do preconceito. Mesmo dentro das salas de aulas de Dança de Salão, onde a rejeição do público masculino é bem menor, ainda é muito comum encontrar mulheres dançando com mulheres, por falta de cavalheiros para fazerem os pares. Para quem não sabe, as danças acadêmicas e suas derivações como a Dança Moderna, o Jazz ou até mesmo a própria Dança de Salão são construídas em cima de bases didáticas e posturas hierárquicas, onde o respeito e a dedicação são princípios importantíssimos, e a busca da perfeição é feita através de muito estudo e muita, mas muita repetição. O que, aliás, é o tipo de trabalho que não é qualquer um que agüenta! Tem que ser muito homem pra ser bailarino. E é claro eu não posso deixar de falar da importância que a dança, seja ela qual for, tem para a saúde do corpo e bem estar do seu praticante, melhorando seu equilíbrio, tonificando suas musculaturas, dando-lhe melhor postura, resistência cardiorrespiratória e circulatória, musicalidade, coordenação motora, consciência corporal, força, flexibilidade, agilidade, desenvolvendo o trabalho em equipe, a expressividade corporal e melhorando seu intelecto artístico e cultural.
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Postado por: Ederson Porto